Elas chegaram para ficar, e já representam 2,6 milhões de cargos ocupados em companhias com atividades no comércio exterior. Mas ainda há muito trabalho pela frente.
As importações e exportações têm crescido consistentemente no Brasil nos últimos anos, e com isso, também se ampliou a quantidade de postos de trabalho. Ao longo dos anos, a presença feminina tem se notabilizado com o crescimento do setor, e podemos dizer que já contabiliza algumas conquistas, mas ainda conta com importantes desafios a serem superados.
Confira neste artigo um panorama geral, as conquistas e os desafios das mulheres na área de comércio exterior.
Como está a presença feminina na área de Comex?
Dada a relevância das mulheres na área de Comex, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), com objetivo de aprofundar seu entendimento sobre a presença feminina no setor, de maneira inédita, publicou um relatório dedicado a fornecer um panorama geral dessa área para o Brasil, considerando pontos importantes como: em quais indústrias as mulheres trabalham, qual a sua renda, onde atuam como empreendedoras, e se estão ou não envolvidas no comércio global.
Descompasso na presença feminina e masculina no setor
O estudo realizado pelo MDIC demonstra que no Brasil, somente 14% das empresas que exportam e 13% das empresas que importam possuem mulheres predominantemente em seus quadros societários. Isso mostra de maneira concreta o quanto a presença feminina ainda pode ganhar espaço e melhor inserção na atividade, e como segue havendo um desequilíbrio gigantesco relacionado a questões de gênero que pode invariavelmente afetar toda uma cadeia de comércio.
Curiosamente, a maior concentração de mulheres atuantes está em empresas com até 9 funcionários, contrariando a lógica de que em grandes companhias a concentração delas seria maior.
A presença feminina se dá de maneira mais forte em segmentos onde o comércio não está ligado às commodities, como: construção civil, comércio e serviços. Isso revela que a presença das mulheres se dá em atividades em que bens de maior tecnologia e sofisticação são o produto foco.
Exemplificando, a participação feminina chega a 18,6% no total de posições das empresas exportadoras de produtos minerais, que são compreendidas como commodities. Em contraponto a isso, nas empresas que exportam produtos têxteis e de vestuário – produtos esses que são considerados diferenciados – esta participação é de 32,0%.
Desafios a serem superados
Os desafios e as estratégias para aumentar a presença das mulheres nesse setor são inúmeros, mas um deles sem dúvida alguma é comum a todas e em escala global: o salário!
Não é de hoje que as mulheres são remuneradas de maneira desigual quando comparadas aos homens. Para se ter uma ideia, no Brasil, de maneira geral, em estudo realizado pelo IBGE em 2023, aponta que as mulheres ganham até 21% menos que os homens.
De maneira positiva, os setores que melhor remuneram as mulheres são aqueles com participação do comércio exterior, sendo uma oportunidade para elas ganharem mais e se destacarem. Por outro lado, também são em empresas ligadas a essas atividades em que são encontradas as maiores desigualdades salariais.
Segunda edição do programa federal Elas Exportam
Com objetivo de acelerar e fomentar a participação feminina no comércio exterior, no último dia 07/02/24 o governo federal deu início à chamada para o programa desenvolvido pelo MDIC e pela ApexBrasil, conhecido como Elas Exportam.
Em 2022, na primeira edição, foram recebidas cerca de 500 inscrições, e partir de um ranqueamento, 20 duplas foram selecionadas para receber a mentoria de empresárias experientes no ramo de comércio exterior, possibilitando a transferência de conhecimento do setor e permitindo assim que empresas dirigidas por mulheres consigam iniciar suas exportações.
Na edição de 2024, serão 30 duplas com foco em setores específicos como: higiene pessoal, perfumaria, cosméticos, vestuário e têxtil. As inscrições vão até o próximo dia 10 de março, e as mulheres selecionadas serão acompanhadas de forma individual, por meio de oficinas e seminários, ao longo do ano de 2024.
Selecionamos, abaixo, alguns perfis que recomendamos para quem deseja impulsionar e empoderar mulheres, acompanhando e divulgando a jornada DELAS.
Abraços, Equipe Freitas.